Liderança feminina no mundo corporativo: como promover além do discurso

De acordo com resultados da PNAD Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua) 2019, o número de mulheres no Brasil é superior ao de homens, representando cerca de 51% da população. Apesar de serem maioria em quantidade de pessoas, a liderança feminina no mundo corporativo ainda é uma utopia. 

Quando se analisa o mercado de trabalho, percebe-se que na maioria dos cargos, principalmente os que exercem algum tipo de liderança, independente da área, os homens dominam. Isso porque a valorização da mulher como profissional ainda é muito questionada. 

Ao longo dos anos e da evolução da sociedade, a mulher foi buscando cada vez mais seu espaço. Com muita luta, a figura feminina passou a ter mais direitos e representar uma espécie de resistência contra a dominação masculina. Porém, apesar dessa evolução, muitos espaços prestigiados da sociedade continuam sendo liderados por homens. 

Diante desse contexto, neste artigo, vamos abordar os principais tópicos dentro da liderança feminina, como equidade de gênero, igualdade salarial e valorização da mulher como profissional. Além disso, vamos destacar exemplos de figuras femininas na liderança. Confira.

Importância da liderança feminina na prática. | Foto: Freepik.

Qual é a importância de promover equidade de gênero nas empresas?

Um levantamento da Catho, publicado em 2020, revelou que as mulheres em cargos de liderança recebem 23% menos que os homens. Essa situação se repete também em outros cargos de trabalho, como coordenador e analista. A diferença salarial é somente um dos fatores que demonstra a desvalorização das mulheres como profissionais. 

Nesse sentido, quando falamos sobre promover equidade de gênero, analisamos dois pilares importantes: o empoderamento de mulheres e a reeducação dos homens. O primeiro diz respeito à possibilidade da mulher assumir o protagonismo de sua própria vida e carreira, com um salário que corresponde a sua função e um cargo que seja condizente com sua qualificação. Assim, as mulheres terão voz ativa na empresa e irão conquistar mais autoconfiança.

O segundo pilar foca em ensinar os homens a entenderem e reconhecerem os direitos das mulheres. O objetivo é tirar a figura masculina desse lugar de superioridade e poder e fazê-los entender que o feminino não é o sexo frágil, mas sim um sexo tão capaz quanto eles. 

Ou seja, o objetivo não é só aumentar o salário das mulheres, mas fazer com que elas sejam reconhecidas pelo seu trabalho e pela sua capacidade, assim como os homens. O foco é mostrar para a sociedade que qualificação profissional e talento não são definidos por características biológicas. 

Portanto, as empresas precisam ser um canal aberto e agir com compliance diante de todas essas demandas. As mulheres não só merecem, como também têm direito à equidade de gênero dentro dos seus ambientes de trabalho.  

Igualdade no mundo dos negócios. | Foto: Freepik.

A liderança feminina no Brasil em dados

De acordo com um estudo realizado pela Grant Thornton, uma das maiores empresas globais de consultoria, divulgado no último dia 8, as mulheres ocupam 38% dos cargos de liderança no Brasil. Esse número representa uma pequena queda em relação ao ano anterior – 2021, quando as mulheres marcaram presença em 39% dos cargos de liderança.

Apesar desse pequeno decréscimo, quando se analisa a aparição de mulheres na liderança nos últimos anos, encontra-se um aumento significativo. Em 2019, por exemplo, esse número era só 25%. 

Tais resultados do Brasil colocam o País em uma melhor posição em relação a média da América Latina, que é de 35%. Porém, ainda fica atrás da África do Sul (42%), Turquia e Malásia (40%) e Filipinas (39%). 

Além de revelar a porcentagem geral da presença de mulheres na liderança, a pesquisa fez um levantamento com 250 empresas para saber mais detalhes sobre a participação de mulheres brasileiras nas companhias. 

Segundo a pesquisa, 35% dos postos de presidente-executivo (CEO) dessas 250 empresas são ocupados por mulheres. Essa porcentagem representa uma pequena queda em relação a 2021 (1%), mas está acima da média global, que é de 24%. 

A pesquisa ainda revelou que 47% das mulheres estão em cargos de liderança financeira, o que representa um aumento de 4% em relação a 2021. O último ponto do estudo constatou que 6% das empresas afirmaram não manter mulheres em cargos de liderança. Tal resultado ficou inferior à média global (10%) e da América Latina (11%).

Portanto, os dados colhidos por esse estudo demonstram um panorama positivo para o Brasil quando comparado com a média global. Porém, constata-se que os homens ainda são maioria nos cargos de liderança dentro das empresas brasileiras. 

Muitas vezes isso ocorre pela sociedade no geral julgar os homens como mais capacitados e qualificados do que as mulheres, mesmo com o mesmo tipo de estudo e formação. Esse cenário ainda é reflexo de uma sociedade dominada pelo patriarcado, que considera a mulher inferior para ocupar um cargo importante dentro de uma companhia e limita sua atuação a afazeres domésticos. 

Diante disso, é válido ficar feliz quando os números apontam um aumento de mulheres nas empresas, mas não se pode esquecer que os homens ainda dominam, em quantidade, o quadro de funcionários na liderança das grandes companhias brasileiras.

Como promover liderança feminina de verdade?

Pensando nesse cenário de desigualdade no mundo corporativo, a empresa de consultoria estratégica Bain & Company em parceria com o LinkedIn desenvolveu em 2019 o seguinte relatório: “Sem atalhos: transformando o discurso em ações efetivas para promover a liderança feminina”.

Esse relatório trouxe recomendações práticas para ajudar as empresas a garantir maior diversidade em seus ambientes de trabalho, focando na equidade de gênero na liderança. Veja, a seguir, quais foram as ações recomendadas:

  • Focar em fatos e dados para conseguir reformular e organizar sua abordagem;
  • Cascatear a partir das lideranças, criando oportunidades iguais para talentos diversos;
  • Mitigar vieses sistematicamente de forma estratégica ao longo de mecanismos nos processos;
  • Implementar políticas inclusivas e iniciativas de forma efetiva e eficaz;
  • Comunicar com intenção e construir uma cultura inclusiva na empresa.
Bandeira da luta feminina pela igualdade. | Foto: Freepik.

Mulheres na liderança: exemplos para se inspirar

Agora que já falamos sobre a importância da equidade de gêneros e valorização da mulher dentro do âmbito profissional, vamos apresentar exemplos de liderança feminina. As mulheres que selecionamos abaixo são figuras relevantes e que ocupam espaços de destaque na sociedade atual. Confira e se inspire.

  • Angela Merkel: primeira mulher a se tornar Chanceler da Alemanha e ocupou o cargo de 2005 a 2021, sendo reeleita três vezes;
  • Michelle Obama: advogada norte-americana e ex-primeira dama dos Estados Unidos, sendo a primeira afro-descendente a ocupar o posto;
  • Sheryl Sandberg: empresária norte-americana e Diretora de Operações do Facebook desde 2008;
  • Paula Bellizia: CEO da Microsoft Brasil há mais de dois anos.

Assim como essas mulheres, você, sua mãe, sua amiga ou qualquer mulher que você conheça, podem desempenhar um papel importante na sociedade. A igualdade de gênero tem que ser para além do papel e do discurso, ela precisa ser colocada na prática. A liderança feminina é só o reflexo da valorização que toda mulher merece como profissional.

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